terça-feira, 21 de junho de 2011

Viva a Liberdade!

As vezes me pego pensando em quando vou dependurar as minhas chuteiras.
Confesso que no fundo, não pretendo me aposentar, nem mesmo quando virar um cão velhinho e decrépito. No momento em que o meu corpo começar a falhar, podem escrever: a minha mente ainda permanecerá fértil e livre. Já sã, não posso garantir! 
Fico meio em pânico quando penso que posso pintar por aí como esses coroas humanos, de cabelo pintado de acaju, dirigindo carrões conversíveis, crente que estão arrasando.
Apesar de não fazer parte dos meus planos, tenho medo de pagar este mico! Esta não será uma decisão fácil de ser tomada!
Claro que sendo eu um cachorro, as atitudes seriam diferentes, tipo achar que posso namorar uma cadelinha adolescente. Mas o que realmente importa é que não quero ser um velhote sem senso de ridículo.
Outro caminho, que nem passa pela minha cabeça, é ser como a Malu, a Lhasa Apso da minha dona. Ela mais parece um Garfield de tão gorducha. Acho a vida dela é muito sem graça! Ela acorda, come, dorme, come, come mais, dorme, come e dorme mais um pouquinho. O máximo de esforço que ela faz  é ir até o jardim ver se sobrou algum abacate caído na grama para  devorar. O ápice do seu dia é quando chega a noite e pode usufruir da companhia dos seus avós adotivos humanos. Fazendo uma analogia, ela é aquele sujeito que fica de pijama o dia inteiro, esparramado no sofá, sem pensar em nada, assistindo programa de auditório na tv e esperando...ou pelo menos, tentando esperar a próxima refeição. Que vida é essa meu irmão?
Mas tudo bem, cada um na sua! Quem quer fingir que não ficou velho, que o faça! Quem quer ter uma vidinha monótona e sem aventura, idem.
Apesar de adorar dar uma sacaneada em figuras que considero bizarras, o que realmente importa é que cada um tem a liberdade de escolher como será a sua própria estória. Na verdade, eu não tenho nada haver com a vida de ninguém, apenas com  minha!
Analisando, sem julgar, o caso da Malu é até compreensível. Afinal de contas ela não conhece outro universo que não seja esse. Como poderia ambicionar outra vida? Já eu, vivi muitas experiências diferentes e é por essas e outras que não posso ignorar o mundo e tudo aquilo que ele tem para oferecer. E vocês, os humanos, se enquadram nessa mesma situação. Esta tudo bem aí diante dos seus olhos!
Para um cão com o espírito livre como o meu, viver preso em uma gaiola e seguir uma rotina pré-estabelecida, é impossível! Minha dona pode construir o maior canil do mundo que só de pensar que não existe a alternativa de sair quando bem entender,  já fico louco!
Cheguei a pensar que eu era só mais um pirado e que a ânsia de desbravar coisas novas era uma doença. Foi aí que finalmente a Tati, irmã da minha dona, apareceu com uns pensamentos maneiros que  ajudaram muito na minha libertação animal. Ela é uma médica meio insana e muito inteligente que para a minha sorte  começou a fazer um doutorado com matérias de filosofia.Depois disso, ela tem esclarecido muitas coisas, e apesar de ser um vira lata, tenho aprimorado horrores o meu auto-conhecimento! Modéstia a parte, absorvo mais do que muito ser humano alienado.
Outro dia ela leu perto de mim, as idéias de um filosofo, um tal de Jean Paul Sartre, que dizia: “ o homem esta condenado a ser livre”. Apesar de ser um cachorro, me enquadrei nesta parada...Esse camarada sabia tudo! Dizia que a base da existência humana era o livre arbítrio que cada homem faz de si mesmo e de sua maneira de ser.
Foi aí que eu saquei que na verdade eu era muito era evoluído e questionador, e que não dava para aceitar o que me entregavam pronto! A vida não é uma receita de bolo! Já pararam para pensar que não existem dois seres, de qualquer espécie, iguais neste mundo? Por isso só devemos agir do nosso jeito e de forma que possamos ser felizes sempre...naturalmente sem passar por cima dos outros. Aliás, esse aspecto nem precisava ser ressaltado, pois se você pensou nesta possibilidade, pode rever os seus conceitos pois possivelmente você tem uma tendência forte a ser um babaca.
Eu, por exemplo, tinha tudo para virar um bobão depois que a Luiza me adotou. Poderia ter ficado deslumbrado e me achando acima do bem e do mal só porque tinha me tornado um cachorro de madame. Poderia pensar em maltratar meus semelhantes só porque sou forte, safo, grandão e tenho retaguarda. Poderia me enquadrar naquela mesma estória de gente complexada que quando ganha poder e dinheiro,acaba se perdendo. Mas a minha livre escolha foi ser bacana e simplesmente continuar curtindo a vida só que agora com carinho de sobra e prato cheio garantido. Ainda bem que eu não tinha recalques!  
Viva a liberdade!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

As estórias de João: Policia para quem precisa,policia para quem precis...

As estórias de João: Policia para quem precisa,policia para quem precis...: "Minha adorável dona já recebeu até ameaças de morte por minha causa. Como um cachorro ainda não pode ser réu, é ela que acaba pagando o pato..."

Policia para quem precisa,policia para quem precisa de policia!

Minha adorável dona já recebeu até ameaças de morte por minha causa. Como um cachorro ainda não pode ser réu, é ela que acaba pagando o pato!
Desde que fui adotado, há aproximadamente cinco anos, não consegui passar uma semana sequer sem aprontar. Às vezes pego leve e dou apenas uma das minhas fugidas básicas, mas às vezes pego pesado.
Devem estar se perguntando se eu não sinto culpa por atormentar a vida da Luiza desta maneira. Sinceramente? Já senti muito remorso, mas com o passar do tempo fui me tornando um cão mais maduro, equilibrado e estou aprendendo o caminho do meio. Entendi que me sentir culpado, ao menos um pouco, é até bom para colocar um freio na minha natureza insana. Ao mesmo tempo, descobri que não sou o único responsável por todos os pepinos que acontecem. Os fatos dependem das conjunturas, da atuação e das escolhas de cada um.
Vou contar um caso que aconteceu comigo que ilustra bem este meu pensamento. Vou relatar uma de minhas passagens pela policia.
A primeira vez que envolvi a minha dona com os canas, foi por causa de um cachorrinho de madame ridículo que passava todas as manhãs em frente ao Mercado Verde. Sei que não sou nenhum santo, mas com este camarada eu impliquei de cara! Alguma coisa ali não ia bem, e feeling de vira lata é infalível!
Sempre que ele pintava no pedaço, eu já partia pra cima, cheirava e marcava o meu território. Eu deixava bem claro que era para ele passar rápido pela minha área, e de preferência de cabeça baixa.
Até aí, o meu gênio dominador era o único problema nessa estória. O que eu não poderia imaginar é que a isso, se somaria a histeria da dona do cão. Não contava com mais essa complicação para a minha vida, diga-se de passagem, bastante tumultuada!
Naquele dia, como de costume, ele passou resignado e de rabo baixo, e eu fui atrás com tudo! O que aconteceu de diferente foi a reação da coroa que ficou completamente descontrolada, tipo um dia de fúria! Quem passava por ali naquele instante deve ter imaginado que eu estava dilacerado aquele pulguento de grife com os meus dentes.
A mulher certamente acordou com a macaca e acabou descontando toda a sua ira em cima da minha dona. Coitada, sempre ela! Acho isso injusto, pois apesar de ser cachorro sou mais esperto que muito ser humano.
Calma...o tumulto não para por aí!  No começo, a Luiza foi super cordial e tentou, em vão, chegar a um acordo. Disse que me prenderia todas as vezes que ela desejasse passar. Argumentou que caso não fosse a minha proprietária, eu estaria solto, com fome e incomodaria muito mais. Mas nada tirava da cabeça da velhaca que eu era uma ameaça perigosa!
Não teve como abafar o barraco! Pintou policia e o filho dela que era advogado. Aqui entre nós...que papelão! Imagina o mico que esse camarada pagou acusando um cachorro que todo mundo na vizinhança sabia que era folgado, mas muito boa praça.
O coitado do guarda quase morreu de vergonha quando chegou e me viu esparramado na calçada, com a barriga pra cima e esperando um chamego. Olhou embaraçado para a minha dona e aproveitou que o circo estava pegando fogo para chamá-la discretamente a um canto e se desculpar por ter de fazer aquele BO. Mas ele não tinha alternativa. A senhora, apesar de surtada, tinha aquele direito.
Foi o próprio meganha que sugeriu que a Luiza contra atacasse abrindo também um boletim de ocorrência, neste caso, acusando a megera por agressão. Minha dona acatou a idéia.
O sábio policial percebeu que a ameaça para a sociedade era a tal mulher e não eu.
Graças a Deus, ou melhor, a um PM razoável, esta estória não teve maiores conseqüências. A louca nunca mais passou por aqui. Deve ter ficado morrendo de vergonha quando caiu em si.
Imaginem se fosse um daqueles guardas idiotas que adoram exercer o “poder”! Se o terceiro personagem desta estória fosse este, talvez a coitada da Luiza estivesse respondendo a mais um processo.
Cheiradas pacíficas
João

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A vida é assim: um dia a gente perde, no outro a gente ganha!


A vida é assim: um dia a gente perde, no outro a gente ganha!
 

A vida é assim: um dia ganhamos, mas no outro perdemos!
Assim como existem pessoas estressadas e desocupadas, como aqueles que querem mandar minha dona para a cadeia só porque eu dei uma latida mais feroz, tem gente que faz o bem!
Dizem que o ser humano se difere dos animais porque ele pensa. Acho esta afirmação muito generalista. Poderíamos dizer, sem medo de errar, que uma porcentagem realmente pensa.
Minha dona é um bom exemplo! Ela não é uma alienada que resolveu pegar um cachorro doido para criar. Ela faz, voluntariamente, um trabalho para a sociedade: recolhe cães de rua e leva até Prefeitura para castrar. A conseqüência desta atitude será boa para todos, pois os vira-latas, aos poucos, serão erradicados das ruas.
Pensem bem! Se nós caninos não procriarmos, uma hora seremos instintos. Eu mesmo sou castrado!
Aqui entre nós, será que ela não tem o direito de me acolher? Seria o mínimo depois de tanto empenho!
Na melhor das hipóteses, eu ainda viveria nas ruas, incomodaria aqueles que me abominam e, para completar, cruzaria com todas as fêmeas no cio que encontrasse pelo meu caminho. Imaginem que tragédia! Nessa altura do campeonato, existiriam mais dezenas de Joãozinhos espalhados pela cidade.
Pronto! Agora que desabafei posso contar mais uma de minhas aventuras.
Mas não sem antes esclarecer uma coisa: eu vivi na rua desde que me entendo por cão e nunca ataquei ninguém. O máximo que eu faço é marcar o meu território!
Muitas vezes, as pessoas que não estão habituadas com cachorros, se assustam mesmo, mas é por pura ignorância, por não conhecer o nosso comportamento.
Mas eu perdôo! Ninguém conhece sobre todos os assuntos, a não ser os tolos!
Sem me estender mais vamos à última do João: na sexta-feira passada eu não agüentava mais ficar enjaulado e dei aquela fugida básica para dar uma voltinha na Avenida dos Bandeirantes.
Mal coloquei as patas fora do Mercado Verde e um carro parou no meu caminho. A motorista começou a me olhar com um misto de ternura e compaixão. Saquei na hora o que ela estava pensando: pela minha postura eu tinha dono, mas estava perdido! Definitivamente as pessoas não assimilam fácil esta minha vida de cachorro de dondoca, mas com liberdade. Esse tipo de relação é muito arrojado para os padrões culturais provincianos do mineiro.
Quando dei por mim já estava na cobertura da moça! A propósito, sendo tratado como se fosse um membro da família.
Não sei porque, mesmo depois de tanta sorte, confio no meu santo. Eu sabia que poderia relaxar e curtir a mordomia porque a minha dona, ia dar um jeito de me localizar.
Quando chegou a segunda-feira e ela percebeu que eu já estava a 48 horas desaparecido, entrou em ação.
A Luiza colocou a boca no mundo! Ela distribuiu faixas, cartazes e publicou na rede. Foi através do Facebook que ela chegou ao meu paradeiro. Minha foto foi divulgada, os amigos dela curtiram e divulgaram para mais gente e assim sucessivamente.
A moça que me achou, fez o mesmo: colocou a minha foto no perfil do Facebook dela.
Elas tinham um amigo, do amigo, do amigo, em comum, que muito esperto, cruzou as informações do cão procurado com as do cão encontrado.
Na terça, depois de curtir um fim de semana irado, estava de volta ao lar.
Deu tudo certo!
Obrigado a minha nova amiga! Por ter me acudido mesmo sem eu estar perdido.
É por estas e outras que eu estou me lixando para os tolos. Principalmente aqueles que ao invés de fazerem alguma coisa boa para a sociedade ou para eles mesmos, preferem mandar a Luiza para o xilindró.

Lambidas
João fujão

quarta-feira, 18 de maio de 2011

I am back!!!

Finalmente! Depois de meses sem me pronunciar, estou de volta.
Não tive outra opção que não fosse a de ficar fora do ar por algum tempo. Sabe como é? Esperar a poeira baixar!
Não sou um criminoso. Mas é assim que estou sendo taxado por algumas pessoas.
Na verdade quem esta “pagando o pato” é a Luiza, minha dona. Porque cachorro, ainda mais sem pedigree, não tem valor nenhum nesta sociedade. Assim sendo o caldo entornou foi para o lado dela.
Andei fazendo umas besteiras: lati mais do que devia e demarquei meu território de maneira digamos mais violenta. Conseqüência: acabei deixando uns humanos estressados e de saco cheio de mim!
Acho que devo ter passado dos limites! Não costumo ser tão descontrolado. Refletindo, cheguei à conclusão de que a culpa é desta “vibe” da cidade grande. O movimento não para! Cada vez mais prédios, mais barulho, mais automóveis, mais poluição, mais pessoas. Enfim, acho que vai juntando tudo isso, gerando um estresse constante que acaba afetando a nossa cabeça. Tanto a dos animais quanto a das pessoas. A gente fica nervoso, intolerante, mal humorado e acaba enfiando o pé na jaca.
Agora chega de rodeios e vou contar o que o meu ato impensado causou: minha amada dona foi parar na delegacia e esta respondendo um processo na justiça por minha causa. Olha a presepada que arrumei para ela!Não vou afirmar que sou um pobre cão inocente, mas posso dizer sem medo de ser leviano, que as pessoas que estão a acusando estão descontroladas, assim como eu!
Esta não foi à primeira vez e nem será a ultima que isso vai acontecer, mas ela resolveu tomar algumas providencias mais drásticas para poupar a sociedade de conviver comigo: construiu um canil e colocou grades ao redor de todo o Mercado Verde e agora eu não fico mais livre leve e solto como antes. Pelo menos não com o consentimento dela, pois quando consigo uma brecha eu fujo.
Aiaiai....esses humanos! Quanta bobagem perder tempo com um pobre cão vira-lata com tanta gente ruim circulando tranquilamente por ai.
Bom estar de volta!

Lambidas
João Grandão

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Maria, meu amor!

Sabe aqueles dias chuvosos, em que passamos horas fio olhando a chuva cair, sem pensar em simplesmente nada? Foi exatamente em um dia como este que conheci minha deusa, a Maria.
Eu estava em paz! Sentia uma sensação gostosa, de ser feliz onde se esta e com quem se está. Acho que foi por isso que os astros conspiraram a meu favor!
Sei o que deve estar pensando: Nem parece que é um vira lata que esta falando! Tenho mesmo que concordar, pois a maioria dos cães é puro instinto. Mas toda a regra tem a sua exceção! E neste caso, é ai que eu me incluo. Da mesma maneira que muitos serem humanos agem como cachorros, muitos cachorros agem como seres humanos, ou pelo menos, como estes supostamente deveriam agir.
 Minha dona bem que tentou apressar as coisas e me tirar da praça antes da hora. Mas não adianta querer que nós, caninos e humanos, dependuremos a chuteira antes da a nossa natureza mandar o sinal. Nessa vida tem tempo certo para tudo! Qualquer dia conto esta estória.
Aproveitei muito os meus tempos de solteiro. Segui meus instintos de olhos fechados. Saia por aí latindo, mordendo, correndo atrás de qualquer cadela no cio, sem nem mesmo saber por quê.
Sinceramente me considero mais sensível e inteligente que muitas pessoas que cruzei na vida. Mas este é outro assunto! O que quero relatar aqui é como de repente percebi estar maduro e tranqüilo. Momento mais do que propício para encontrar a minha alma gêmea. Nada de cachorra perfeita, pois isto é utopia. Cães não baseiam suas escolhas em expectativas. O que eu queria era simples: uma parceira para tornar os meus dias que já eram bons, ainda melhores!
Foi então que o destino bateu na minha porta. Não poderia ser em uma hora mais propicia. Se a Maria tivesse surgido em outro momento da minha vida canina bandida, talvez eu nem me apaixonasse perdidamente como aconteceu. Poderia ter passado desapercebida. 

Voltando ao fio da meada, o dia chuvoso onde tudo começou...
O telefone da minha dona tocou. Era alguém avisando que eu estava na Praça JK, todo molhado e sem a coleira.
Saquei que era isto que estavam dizendo do outro lado da linha pela resposta dela: - Deve estar havendo um engano! João esta bem aqui! Deitado debaixo da minha mesa, de coleira, sequinho e olhando para mim. Definitivamente não pode ser ele! Deve ser um clone! Traga este cachorro aqui para eu ver.
Não dei muita atenção ao acontecido e continuei cochilando escutando o barulhinho de chuva. De repente senti um cheiro muito bom e familiar. Foi então que me levantei, espreguiçando e abri os olhos sem acreditar no que estava vendo. Quase caí pra trás! Era uma cadela idêntica a mim! Nunca vi nada tão parecido! Minha dona diz que não existe outro exemplar da minha raça. Tudo bem que vira lata é exatamente a ausência de raça, mas eu e aquela ali éramos olho de um e focinho do outro!
Pelo que dizem, já temos um ano de casados e posso dizer que a Maria me completa!
Lambidas do cão apaixonado
João

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Um novo amigo e a louraça

Minha dona é uma grande companheira. Depois do expediente, sempre saímos para dar uma corrida. Este é o nosso momento de relaxar ao fim de mais um dia estressante e acaba servindo também, de tabela, para eu gastar um pouco da minha energia. Sem essa válvula de escape, definitivamente, não consigo ficar sossegado!
Sou um cão hiper-ativo. Como já contei em outros posts, tenho fogo no rabo, sou boêmio e não resisto sair para meus passeios noturnos.
Sempre que ela começa a se preparar para ir embora, desligar o notebook, arrumar a bolsa e finalmente apagar as luzes do escritório, já me animo todo. Sei que esta é a hora da nossa voltinha. O percurso é bem variado. Minha dona é como eu: não gosta de repetição e adora um atalho. Tudo depende do astral e da disposição dela. Quem vê aquela baixinha não imagina como ela corre. Confesso, que ás vezes ela me quebra!
Acabei ficando meio vidrado nesse lance de corrida. Nos dias em que ela não vai, fico a noite toda entediado ou acabo dando uma das minhas fugidas para a night. Mas teve uma vez, que eu estava tão a fim de sair correndo, que não resisti. Assim que ela virou as costas, pulei o portão e sai em disparada como se fosse a minha ultima vez!
Sai na inércia seguindo por um dos trajetos que eu já havia feito com a Luiza. Quando estava subindo a Avenida das Agulhas Negras, lugar que a gente sempre passa, encontrei um camarada que estava em um ritmo bem legal. Não deu outra! Resolvi acompanhar.
A princípio ele tentou ir mais rápido, mas mostrei que sou bom na corrida. Eu dava aquela disparada, tipo pra esnobar, e esperava-o lá na frente. E assim, ficamos por volta de uma hora, até que ele parou em frente a uma casa, tocou o interfone e entrou. Não entendi muito bem, mas como eu estava cansado, resolvi relaxar e me estiquei na calçada. Passado algum tempo, o rapaz reapareceu com um telefone nas mãos, leu a placa que tenho na minha coleira fez uma ligação.
Já pensei logo: Estrepei-me! Ele vai falar cobras e lagartos para a minha dona! Nessas horas, mesmo sem ter feito nada de errado, eu sempre penso no pior. Acho que são traumas de um ex vira lata! Mas que nada! Apesar de alguns seres humanos serem terríveis, tem também, gente muito bacana neste mundo. Pra minha sorte este camarada era um deles!
A conversa que escutei foi à seguinte:
- Olá! Gostaria de falar com a dona de um cachorro chamado João.
Imagino que Luiza deva ter respondido lá do outro lado que era ela mesma. Foi então que ele disse:
- Tudo bem! Aqui quem fala é Luiz Heitor. Estou ligando para dizer que não precisa preocupar porque ele está bem. Correu mais de uma hora comigo e agora esta deitado aqui em frente a minha casa.
Nesta hora ela deve ter contado que eu morava no Mercado Verde e que provavelmente, eu devia ter pulado o portão mais uma vez. Meu novo amigo disse:
- Ah Claro! Ele mora no Mercado Verde? Sei onde fica! Aquela flora charmosa na Avenida Bandeirantes!
Pelo que ele falou depois, imaginei que ela devia estar se desculpando, assim meio sem jeito pela minha folga e com receio de eu fazer alguma trapalhada.
- Não... imagina! Não precisa se preocupar! Ele não me incomodou em nada.  Aliás, deu para perceber de cara que ele é um cão muito dócil. Sabe o que é? Eu tenho uma cadela Golden Ritriever e gostaria que ele passasse o fim de semana aqui conosco! Você pode buscá-lo na segunda-feira?
Eu ali na expectativa, sem saber o que ela estava dizendo. Mas como ele foi logo me colocando para dentro de casa, percebi que minha dona tinha liberado. Uhuuuuuuu! Fim de semana diferente, na casa de amigo novo era tudo que eu estava precisando para acabar com o meu tédio. Modéstia a parte, sou um cachorro bacana, mas aquele convite me surpreendeu. Nem eu sabia deste meu poder de sedução.
Fui entrando, desinibido, curtindo aquela casa gostosa e cheia de espaço para brincar. A Golden...putz...nem sei o que dizer! Chegou toda animada, simpática, balançando o rabo. Foi um fim de semana sensacional, sombra e água fresca, na maior mordomia, com um amigo super bacana e com aquela louraça. Aiaiai ... foi só alegria.
Até a próxima!
Lambidas
João, o cão social